Médicos, pesquisadores e pacientes que defendem o uso medicinal da Cannabis participaram do “Fórum de Cannabis Medicinal”, realizado na Câmara Municipal de São Paulo, nesta segunda-feira (11/12). O objetivo é discutir o direito à saúde com a utilização legal da substância.

No Brasil, a utilização medicinal da maconha está restrita a um único remédio à base de Cannabis, que é importado e foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e a poucas famílias que obtiveram habeas corpus preventivos para fazer o plantio e uso medicinal da erva sem o risco de prisão.

(Ras Kadhu e Dr. Elisaldo Carlini, maior autoridade sobre cannabis do Brasil)

Para ampliar o uso da maconha medicinal, médicos, pesquisadores, pacientes e sociedade civil organizada discutem sobre a necessidade de uma regulamentação. O designer Gilberto de Castro, que sofre há 20 anos com esclerose múltipla, conta que melhorou muito com o uso da substância.

“Por causa das dores da esclerose múltipla eu uso a Cannabis para aliviar e ela também tem se mostrado eficiente no controle da evolução da doença. Em 2014 eu estava de cama e só andava de cadeira de rodas (…) Parei com todos os medicamentos de farmácia e estou usando só Cannabis e quimioterapia normal para conter a evolução da esclerose múltipla. Hoje estou andando”.

No Fórum, pesquisadores mostraram que a maconha sempre foi utilizada de forma medicinal na história, mas que no século passado passou a ser marginalizada. Também foram apresentadas pesquisas que comprovam os benefícios da erva no controle de sintomas de doenças.

A médica Paula Dall’Stella, pós graduada em neuro-oncologia, defende o uso.

“A Cannabis é uma planta com mais de 500 compostos químicos, entre eles 120 canabinóides, que tem uma interação sinérgica entre si”.

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A médica psiquiatra e psicanalista Eliane Guerra Nunes afirma que há muitos estudos a esse respeito.

“Na área da psiquiatria existem vários trabalhos e artigos, inclusive brasileiros, que falam que é bom para a depressão, como antipsicótico, neuroprotetivo e antioxidante”.

A vereadora Soninha Francine (PPS), que trouxe o debate para a Casa, destacou o papel do Legislativo em fomentar a discussão.

“Eu acho que o Parlamento é o lugar onde a gente tem que ter espaço para debater todos os assuntos, não necessariamente aqueles que são ligados à esfera municipal. A gente tem que garantir o direito, a possibilidade de produzir no Brasil, de processar, fazer outros estudos e pesquisas. A almejar, inclusive, que ele passe pela Conitec, que é a Comissão do Ministério da Saúde que avalia e autoriza a entrada de novos medicamentos e novas tecnologias”.


Fonte: Andrea Godoy – Tv Câmara
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